Graduação da Alma - O Dia dos Mortos (1)

>> quinta-feira, novembro 06, 2008

Uma alternativa a Blogagem Coletiva do Dia das Bruxas, que virá em 3 partes, pois não participei por falta de inspiração. Que só me veio depois...(merda)

No México, existe uma data comemorativa completamente diferente do Halloween dos estadunidenses ou o Dia de Finados Católico brasileiro. Fica entre um e outro, comemorado no dia 1 de novembro, e é conhecido como o DIA DE LOS MUERTOS, totalmente diferente de tudo que vc já conheceu.
O Dia dos Finados foi promulgado no século V pela Igreja Católica, para dedicar um dia por ano para orar aos mortos, pelos quais ninguém rezava nem lembrava. No séc XIII foi definido esse dia o dia 2 de novembro. Evidentemente, os protestantes afirmam que o Dia de Finados Católico é totalmente desprovido de fundamento biblico.
O Halloween tem origem nas comemorações pagãs dos antigos povos celtas, com as tradições datadas entre 600 A.C. até 800 D.C., sendo um festival na Irlanda chamado Shamain, comemorando o fim do solstício de verão, e é comemorado principalmente nos paises anglo-saxões, especialmente EUA, Irlanda, Canadá e Reino Unido.

O Dia de Los Muertos é um festival bem parecido com o Carnaval, pela animação, descontração, comemoração e porque não pela inteligencia ancestral? Isso acontece porque antigos povos indígenas que viviam em terras mexicanas (como os Nahua, Otomi, Purepecha e Totonac) acreditavam que as almas dos mortos retornavam todos os anos para fazer uma visitinha a seus parentes. Ela é festejada com comida, bolos, festa, música e doces, os preferidos das crianças são as caveirinhas de açúcar.
Logo na metade de outubro, as lojas se enchem de doces e balas em formato de esqueletos e caveiras (acredite se quiser, mas os índios Nahua viam a caveira como um símbolo de vida, e não de morte) e as casas são decoradas do mesmo jeito que... túmulos!!
A felicidade incondicional de se comemorar o Dia dos Mortos, ao invés de ser uma ocasião fúnebre, é, na minha opinião, uma maneira incomensuravelmente perspicaz de que os espiritos dos mortos serão sempre lembrados como foram EM VIDA, não quando estão no Velório! Juntando essa mentalidade prafrentex junto com uma herança indígena nacional, é a melhor maneira para que NÃO tenhamos uma capacidade de raciocínio de colonizados, sem identidade própria.

Parece macabro, mas os mexicanos fazem tudo isso em respeito aos mortos. Toda a familia comendo, bebendo, rindo e se divertindo, lembrando das façanhas que os parentes mortos fizeram em vida, de suas proezas, suas histórias, seus fracassos, seus erros. O dia de Finados começa com a família inteira preparando os túmulos de seus parentes com as comidas, bebidas e os pertences preferidos da pessoa que se foi. Velas são acesas e começam as orações. Depois disso, eles comem e bebem como se fosse um piquenique... só que no cemitério! Tem coisa mais emocionante? Um cemitério repleto de cores, luzes e comida afastando completamente um ponto de vista funerário e revivendo os melhores momentos de uma reunião de familia? Na minha familia então eu vou ocupar 1/3 do cemitério!

Uma receita muito comum no dia de Finados mexicano é o "Pão dos Mortos": um pão doce decorado em forma de osso!

Deu água na boca muchacha? Segue a receita típica do PAN DE MUERTO:


Ingredientes

* 125 g de manteiga
* 125 ml de leite
* 125 ml de água
* 650 g de farinha de trigo
* 14 g de fermento biológico fresco
* 5 g de sal
* 15 ml de licor de anis
* 125 g de açúcar
* uma lata de leite condensado
* 4 ovos

Preparo

Esquente o leite, a água e a manteiga em fogo baixo, sem deixar ferver. Reserve. Separe 175 g da farinha de trigo e misture-a com o fermento, sal e o açúcar. Combine as duas misturas. Acrecente os ovos, a essência de anis, o leite condensado e acrescente 125 g de farinha. Vá colocando a farinha aos poucos até obter uma massa suave, elástica- que não grude nas mãos. Coloque esta massa numa assadeira, tampe e deixe crescer até dobrar de tamanho(cerca de uma hora e meia). Pegue três pequenas porções de massa e amasse em forma de caneta. Devem parecer ossos. Faça dois ossos compridos para colocar por cima do pão de lado a lado. Pegue outra porção e faça uma bolinha que deve ser colocada no centro do pão. Com o resto da massa faça uma bola. Pincele com o ovo, coloque os ossos e a bolinha e finalize com mais pinceladas de ovo para dourar. Deixe num lugar fresco descansando por mais uma hora, aproximadamente. Aqueça o forno a 180°C e coloque o pão durante 40 minutos. Finalize passando a manteiga derretida por cima e o açúcar granulado.

Próximo Post: Eutanásia

5 comentários:

Fernanda 8:51 AM  

Ai gostei da parte das caveirinhas de açúcar!!!!

Vou fazer esse pão, parece uma delícia, se ficar bom te chamo pra comer comigo!!!

;)


beijos

Laísa 12:36 PM  

Cara...eu lembro dakele filme dos alienígenas que se passa no México...
tem uma cena que o cara coloca uns escorpiões no quarto da menina..
uuuuuiii...
me dah arrepio só de lembrar!!
credo!

Beeeeeeiiijo mon amour!!!

*Renata Gianotto 12:42 PM  

Oi meu amigo!
Que bom que você não me abandonou :)

Mesmo atrasado, o que li da sua blogagem já valeu. Adoro as histórias do México. Estou planejando um intercâmbio pra lá. Daí quem sabe não encontro o pan del muerto.

Hasta la vista!

Anônimo 6:42 PM  

Igor - esbanjando cultura!

ñ quero nem saber de engordativos. entrei em restrição calórica ferrenha!
beijos

Anônimo 10:47 AM  

Igor, essa idéia de celebrar a morte de maneira festiva, não é uma exclusividade mexicana. Se pensarmos em alguns aspectos da cultura nordestina, encontraremos a expressão "beber o morto" (presente até na obra "A morte e a morte de Quincas Berro D'Água", de Jorge Amado). Tal expressão remete exatamente ao costume de beber e comer enquanto os que velam relembram as façanhas do defunto. Lembro-me de meu avô, nascido em Itabuna, no interior da Bahia, dizendo à minha mãe que queria ser "bebido" quando morresse. Quando ele se foi, nós não fizemos como ele queria, pois travados pela nossa cultura do Rio de Janeiro, julgamos que as pessoas achariam estranho. Bom domingo! Déa