Casa das Águas

>> quarta-feira, novembro 12, 2008


Estava conversando com a Déia do Leio o Mundo Assim pelo MSN, quando tomei um susto. Era a véia, minha mãe, xingando de algo que vinha do corredor. Enquanto a Déia me dizia os algúrios de ser professora perto de uma comunidade de alunos sociáveis, desses que sabem onde vc e sua tia mora e sabe a hora que vc entra ou sai de casa, descobri um recurso natural completamente anti-natural saindo do teto do meu corredor: uma cachoeira! Pedi desculpas a Déia e tive que sair.
Da luminária desativada do corredor, caia um filete de água constantemente o que no início era uma infiltração, já havia pingado de manhã porque chuveu cedo, virou um martírio porque mesmo com dois baldes aquela merda estava alagando o corredor todo!

Independente da hora, tive que explorar a parte da casa mais sinistra, bizarra e claustrofóbica, o sótão. Como não tenho medo de fantasmas e evidentemente não era a mãe que iria fazer isso, coloquei a escada na porta do alçapão externo e entrei. E usei a luz do celular como lanterna. (Estava sem luz)

O sótão de casa possui uma característica marcante, o excesso de cadáveres espalhados ao longo do comodo. Cadáveres de pombo, claro! Mesmo depois de várias tentativas e subidas para colocar as telhas no lugar, a chuva e o vento conseguem ser extremamente sacanas e removê-las ou afastá-las. Conclusão: os pombos fazem a festa. Por mais que a humanidade idolatre uma pombinha da paz, ter pelo menos 10 a 15 pombos cagando no seu sótão e fazendo barulho de manhã para mim virou um simbolo do ódio! Tanto que numa manhã qualquer eu promovi um extermínio, arrebentando e enxotando vários pombos a vassoradas. Foi pena para tudo quanto é lado! Para quem adora os pombos, sinto muito. O Pombo é o segundo animal mais imundo e transmissor de doenças, inclusive respiratórias, perdendo apenas para os ratos. E mesmo depois de remover os que ficaram no chão, ainda sim pombos entram, cagam e morrem no sótão. Limpá-los consecutivamente não dá, sou alérgico, a não ser que eu prenda a respiração pelas próximas duas horas, aí sim eu consigo limpar. Portanto o sótão ficou restrito a uma limpeza por ano, junto com a caixa d' agua.
Falando nela, a causa dos problemas, me deparei com a laje toda molhada e água escorrendo da lateral da caixa. Algo impossível pelo fato do registro fechado. O problema era da vazão da água, mesmo com o registro fechado a água continua entrando! Mas como a bóia estava no limite, fechando a válvula de entrada, a pressão da água era tão forte vindo da rua, que a água saia pela vedação do cano, escorrendo pela caixa, algandando a laje e caindo em pelo menos metade do corredor!

Solução temporária 1: se a valvula fechada faz com que a água escorra para fora da caixa, então a boia tem que descer para manter a valvula aberta, que mesmo que encha mais a caixa d'agua, pare de pingar no corredor e o excesso saia pelo ladrão. Improvisei um peso e amarrei na bóia para manter a valvula aberta.

O maior de todas as preocupações é a estrutura do imóvel. Essa é uma história tão grande que não cabe aqui. Só resumo que compramos a casa nova, e descobrimos anos mais tarde que ela foi construida sem vigas de sustentaçao ou sapata de aço nas laterais da casa. Ou seja, tijolo + laje, laje mais pesada que o tijolo afunda = rachaduras. A casa é coberta de rachaduras! E nós temos 2 processos na justiça, um contra o proprietário que construiu e vendeu a casa e outro contra a Prefeitura. Em 1987 ela dá o habite-se numa casa construida dessa forma. Em 1997 houve uma enchente em Jacarepaguá que iniciou todo o processo de deterioração. Em 2007 a Defesa Civil lavrou um Ato de Interdição, tornando o imóvel inapropriado para moradia. Prefeiturazinha mais filha da puta! E com a laje molhada, mais peso, mais afundamento, mais rachaduras.

Fomos dormir com um protocolo da CEDAE para vir aqui hoje de manhã (e não veio).

Às 3:25 da manhã acordei com um barulho de um jato d'agua vindo do teto! O fluxo de água aumentou ainda mais! Ninguémn entendeu nada, fui novamente ate o sótão cadavérico, com os pombos desesperados, e metade da laje da casa inundada, as duas caixas enxeram MUITO rápido, novamente estava transbordando, já que o limite de água subiu e a bóia fechou a valvula de novo, e a porra do ladrão não tá saindo nada!

Ligamos para CEDAE. Solução temporária 2: abrir todas as torneiras da casa para esvaziar a caixa d'agua.
Ainda bem que sou um porco, fascista, explorador, amo o efeito estufa e estou louco para ver o fim do aquecimento global, porque desperdiçar água era a ultima coisa que eu queria fazer. Mas era isso ou a caixa d'agua transbordar e todo mundo aqui morrer soterrado.
Abrimos todas as torneiras e chuveiros, do banheiro, da cozinha e da área. Uma hora depois a duas caixas d'agua só tinham 1/4 de água. Havíamos literalmente escorrido pelo ralo 1500L de água.
Tive que culpar a CEDAE pelo registro que não funciona. Assim a consciência consegue dormir.
A mãe está aguardando a CEDAE, veremos se essa noite teremos bons sonhos.

11 comentários:

Anônimo 10:25 PM  

Igor, e eu me lembro de você ter dito " Déia, dá licença, que tem uma cachoeira no corredor " (ou algo parecido com isso), mas não poderia imaginar que a situação fosse tão crítica. Beijos n'alma!

Anônimo 11:35 PM  

aaaai. eu bem q tentei ler até o final, mas parei ali em cima na alergia. sorry...
depois eu leio tudo, prometo.
mas, vc tem sótão? q luxo!

Pedro BV 8:55 AM  

Igor,

Cara uma vez tive um tormento, em uma casa alugada que sofria infiltração da chuva. Nossa, e vejo que não é nem um pingo da situação que você está enfrentando.

"Casa das Águas" pode inspirar um filme de suspense. E você deve estar providenciando a troca do registro, a vedação da caixa d'água e a desobstrução do ladrão.

Agora ladrão mesmo foi quem construiu esta casa sob esta estrutura. Boa sorte nas suas ações.

Abraço

*Renata Gianotto 9:33 AM  

Igor do céu!

Se não fosse trágico seria cômico.
Imagino o mau humor que você ficou quando teve que acordar de madrugada pra tomar as providências. Uma vez, numa tempestade que teve aqui na minha cidade, estava em casa sentada estudando quando senti água cair do teto. O lustre estava transbordando de água! E foi um desastre total... mas, daquele vez foi meu pai que esqueceu de limpar a calha e um monte de folha causou o entupimento.

E os pombos! Quando for fazer outro ataque a vassouradas, me chame. Terei o maior prazer em ajudá-lo!

Bjs :)

*Renata Gianotto 9:34 AM  
Este comentário foi removido pelo autor.
*Renata Gianotto 9:34 AM  

Igor do céu!

Se não fosse trágico seria cômico.
Imagino o mau humor que você ficou quando teve que acordar de madrugada pra tomar as providências. Uma vez, numa tempestade que teve aqui na minha cidade, estava em casa sentada estudando quando senti água cair do teto. O lustre estava transbordando de água! E foi um desastre total... mas, daquele vez foi meu pai que esqueceu de limpar a calha e um monte de folha causou o entupimento.

E os pombos! Quando for fazer outro ataque a vassouradas, me chame. Terei o maior prazer em ajudá-lo!

Bjs :)

Laísa 10:16 AM  

Vc tem água demais e eu tenho água de menos...
Não chove ha mais de 2 meses aki na cidade...e estamos em época de racionamento. Me sinto naquelas reportagens da globo sobre a seca do nordeste. Um pouco mais e começarei a comer palma e farinha seca.

Cadinho RoCo 2:13 PM  

Problema com água é simplesmente desesperador. Também moro em casa e posso imaginar situação de alagamento e com a água vindo sem parar. Nem quero comentar mais. Desejo, sinceramente, que consiga solucionar tudo e rápido, porque não é fácil segurar a água.
Cadinho RoCo

Fernanda 9:27 AM  

Vamos topar a dica do Pedro e fazer um curta??!!!

Ahahahaha

Beeeiijos

Anônimo 11:10 AM  

Se precisar de um advogado pra processar a CEDAE... estou aqui!
rs
Bjos!

Danielle Lima 8:15 PM  

Cara, vc tem que fazer um livro sobre essa casa e os desastres! PQP!
Boa sorte e no que precisar tô aqui!

Beijo!