Sim, ela era uma mãe...

>> terça-feira, março 06, 2007

Eu – disse-me a bailarina de baile do Municipal – eu dancei uma vez sem saber que estava grávida. E depois me culpei tanto por isso, mas foi uma dança lenta que não fazia mal. Depois quando desconfiei, mandei fazer o teste. Você não imagina o que eu senti quando o homem me entregou o papel em que estava escrito positivo. Minha alegria foi tão intensa, mas tão doida, que abracei e beijei o homem espantado do laboratório e lhe disse: “Muito obrigada”. Imagine, como se ele fosse o pai (...)

- Mas o médico me avisou logo de saída que eu podia perder a criança. Porque tenho o aparelho genital infantil, sou fértil mas não posso conceber, não tem lugar para o feto: Então eu passei meses na cama para ver se assim eu não perdia a criança. Eu ficava deitada, falando com o bichinho que estava dentro de mim. Eu lhe dizia: “Olha, bichinho, nós dois havemos de vencer e você vai nascer, é assim mesmo, é difícil nascer” (...)

- Foi então que eu comecei a perder sangue. Eu mal acreditava, não queria acreditar. E quanto mais sangue derramava, mais desesperada eu ficava. Até que aconteceu: perdi meu filho. Era um menino. Cheguei a vê-lo, pedi para vê-lo: lá estava ele todo aconchegado dentro do óvulo (...)

Já era o final do crepúsculo: estávamos na sombra mas não acendi nenhuma luz.

- Mas não desisto, disse baixo.

- Não desiste de quê?

- De ter um filho. O médico disse que de novo eu poderia perder. Mas, mesmo que numa segunda gravidez eu perca, não desisto: ficarei grávida muitas vezes e aceito a possibilidade de perder. Até que um dia, lá para um dia, eu com muito cuidado conserve em ele em mim nove meses, dando até então muita coisa boa para ele ir bebendo e comendo através do meu sangue que vou enriquecer. Até que ele nasça. E será uma vitória nossa, minha e dele. Porque eu sei: é mesmo difícil nascer.

Olhei-a quase no escuro. Sofrida, machucada, corajosa. Sim, ela era uma mãe, a dançarina de Degas.

“Ter nascido é um dom, existir, digo eu, é um milagre”.

FELIZ ANIVERSÀRIO Mãe, como mãe e como mulher. Tudo novo de novo!!!

Bjs n'alma do teu filho que te ama!

3 comentários:

Anônimo 7:51 AM  

Beijos, flores e abraços para sua mãe :-)

Gudrun 8:33 PM  

Singelo esse post.

Ah, Enfermeirinha Bêbada espera uma visita sua e um comentário, hehehe.

Bj,

Anônimo 2:40 PM  

Nego...nem precisa falar que esse teu post de hj me emocionou...seu chato, n me faz chorar assim,rsrs!talvez por ser mãe, e por ter desejado tanto, tanto ..o meu filho, me sentia carregando uma jóia dentro de mim, a mais preciosa delas , e andava com medo de qualquer coisa, de por algum descuido eu perdesse aquela coisa que eu ja amava tanto: a realização do meu sonho...meu filho é minha alegria de viver!é por essas e outras que só mesmo algo divino para explicar o que une uma mãe e um filho ,mesmo que as vezes existam diferenças...um amor incondicional.Felicidades a tua mãe, nego...xero em tu!

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